Exame (Nomenclatura Senne) Sífilis – Lues (VDRL)

Sinonímias

Neurolues VDRL

Exames Correlacionados

Imunofluorescência (IF) para sífilis PCR para Sífilis

Indicações

Infecção por treponema pallidum (neurosífilis)

O Treponema pallidum é uma bactéria gram-negativa do grupo das espiroquetas, anaeróbia facultativa e catalase negativa, que possui forma espiral e é o agente patológico da Sífilis. O T.pallidum é sensível à temperatura e à umidade. A transmissão da sífilis ocorre por contato sexual com as lesões infectantes, por via vertical (de mãe para feto), por transfusão sanguínea e ocasionalmente por micro lesões na pele que entram em contato com as lesões infecciosas.

A sífilis primária (“cancro sifilítico”) manifesta-se após um período de incubação variável de 10 a 90 dias (média de 21 dias). Neste período inicial o paciente permanece assintomático. O sintoma mais recente é o “cancro duro” caracterizado por uma pequena ulceração firme e dura exatamente no local exposto inicialmente ao T.pallidum, geralmente na região genital. Esta lesão pode permanecer por 4 a 6 semanas e desaparece espontaneamente. Nesta fase pode ocorrer linfonodomegalia satélite não dolorosa e disseminação hematogênica.

A sífilis secundária ocorre na seqüência da sífilis primária não tratada e é caracterizada por uma erupção cutânea que aparece no período de 1 a 6 meses (média de 6 a 8 semanas) após a lesão primária ter desaparecido. Esta erupção é vermelha rosácea e aparece simetricamente no tronco, membros, mão e pés ao contrário de outras doenças que cursam com erupções, como o sarampo, rubéola e catapora (varicela). É a fase de maior contágio da doença.

Os sintomas mais característicos são cefaléia, febre e prurido. Sinais mais específicos ocorrem nas seguintes frequências: exantema (88%-100%), linfadenopatia (85%-89%), cancro primário residual (25%-43%), condiloma plano (9%-44%), hepatoesplenomegalia (23%), placas mucosas (7%-12%) e alopecia (3%- 11%). Manifestações raras incluem meningite aguda, que acontece em aproximadamente 2% de pacientes, hepatite, doença renal, gastrite, proctite, colite ulcerativa, artrite, neurite do nervo óptico, irite e uveíte.

O terceiro estágio da infecção ocorre em um a dez anos, com casos de até 50 anos para que a evolução se manifeste. Esta fase é caracterizada pela formação de gomas sifilíticas, tumorações amolecidas vistas na pele e nas membranas mucosas, mas que podem ocorrer em diversas partes do corpo, inclusive no esqueleto. Outras características da sífilis não tratada incluem as juntas de Charcot (deformidade articular), e as juntas de Clutton (efusões bilaterais do joelho). As manifestações mais graves incluem neurossífilis e a sífilis cardiovascular.

A sífilis congênita é a sífilis adquirida pelo feto no útero materno durante a gestação, quando a mãe é portadora da sífilis em estágio primário ou secundário. As manifestações de sífilis congênita incluem alterações radiográficas, dentes de Hutchinson (incisivos centrais superiores espaçados e com um entalhe central); “molares em amora” (ao sexto ano os molares ainda têm suas raízes mal formadas); bossa frontal; nariz em sela; maxilares subdesenvolvidos; hepatomegalia; esplenomegalia; petéquias; outras erupções cutâneas; anemia; linfonodomegalia; ictérica e pseudoparalisia.

O VDRL é a prova recomendada para o exame do líquor. O VDRL no líquor tem baixa sensibilidade (30-47% falso-negativo) e alta especificidade. O FTA-ABS (pode ser positivo pela passagem de anticorpos por difusão do sangue para o LCR em pacientes com sífilis. Porém é um teste altamente sensível, e a neurossífilis poderá ser excluída diante de um FTA-ABS negativo. Em pacientes HIV-positivos e em pacientes com clínica neurológica de sífilis, o exame do LCR deverá considerar que alterações na contagem de células e na dosagem de proteínas isoladamente poderão ser atribuídas ao comprometimento neurológico do vírus HIV.

Orientações e Preparo do Paciente

Não há nenhuma orientação especifica.
Não é necessário jejum.

Material de Coleta e Recipiente

Tubo estéril seco (sem aditivos ou anticoagulantes)

Instruções de Coleta

  • Coleta de liquor deve ser realizada por médico treinado.
  • Sempre observar se há contra-indicações para a coleta do LCR: Alteração no coagulograma, uso de medicações anticoagulantes, hipertensão intra-craniana, infeções no local do procedimento, agitação psicomotora do paciente.
  • Amostra deve ser armazenada de acordo com acondicionamento para transporte.

Volume Necessário

0,5 mL

Volume Mínimo

0,5 mL

Acondicionamento da amostra para transporte

Refrigerado de 2° a 8°C: 7 dias. Congelado a -20ºC : 30 dias.

Metodologia

Reação de floculaçã em placa / VDRL

Restrição operacional

LCR hemorrágico e Hiperproteinorraquia podem interferir no resultado do VDRL. Amostras com volume insuficiente devem ser tratadas de acordo com o exame mais importante para o paciente. Quem indicará essa prioridade será o médico solicitante.

Interpretação Clínica

Qualquer título de VDRL é compatível com Neurossífilis (devido a baixa sensibilidade e a alta especificidade).

O resultado deve ser interpretado juntamente com a clínica apresentada pelo paciente, os exames de imagem, os exames laboratoriais séricos e os exames de citologia, proteína, eletroforese de proteínas e Imunofluorescência para sífilis no LCR além de avaliação da barreira hemato encefálica.

Se o tratamento for eficaz os títulos de VDRl devem diminuir.

Valor de Referência

Amostra não reagente

Prazo de Liberação

São Paulo: 12 horas Campinas: 1 dia útil

Disponibilidade

24h

Referências Bibliográficas

1. Canadian Public Health Laboratory Network laboratory guidelines for the diagnosis of neurosyphilis in Canada The Canadian journal of infectious diseases… 2015 DOI:10.1155/2015/167484

2. Miller JN: Value and limitations of nontreponemal and treponemal tests in the laboratory diagnosis of syphilis. Clin Obstet Gynecol 1975;18:191-203

3. Cerebrospinal Fluid Treponema pallidum Particle Agglutination Assay for Neurosyphilis Diagnosis Christina M. Marra,a Clare L. Maxwell,a Shelia B. Dunaway,b Sharon K. Sahi,a Lauren C. Tantaloa June 2017 Volume 55 Issue 6 Journal of Clinical Microbiology jcm.asm.org

4. Reiber H, Peter JB. Cerebrospinal fluid analysis: diseases-related data patterns and evaluation programs. J Neurol Sci 184:101-122,2001.